O joelho é uma das articulações mais complexas e exigidas do corpo humano. Ele suporta o peso do corpo, possibilita a locomoção e absorve impactos em atividades como caminhar, correr, saltar e agachar.
Por essa razão, lesões no joelho são frequentes em todas as faixas etárias, atingindo desde atletas profissionais até pessoas sedentárias. Mas como o ortopedista identifica, de maneira precisa, qual o tipo e a gravidade dessas lesões?
Descubra neste artigo como funciona o processo de diagnóstico de lesões no joelho, desde a avaliação clínica até o uso de exames complementares.
Por que as lesões no joelho são tão comuns?
O joelho é formado por ossos (fêmur, tíbia e patela), cartilagens, meniscos, ligamentos e tendões. Essa estrutura complexa permite uma grande amplitude de movimentos, mas também o torna vulnerável a torções, traumas, sobrecargas e processos degenerativos.
Um ortopedista de joelhos do IOG enfatizou que lesões podem ocorrer por acidentes, prática esportiva intensa, movimentos bruscos, excesso de peso, desgaste natural das articulações ou mesmo por questões genéticas.
Entre as lesões mais comuns estão: entorses, rupturas de ligamentos (como o LCA – ligamento cruzado anterior), lesões de menisco, tendinites, bursites e artrose.
Primeiros passos do diagnóstico: a anamnese detalhada
O diagnóstico ortopédico começa pela anamnese, que é a conversa detalhada entre o médico e o paciente. O ortopedista faz perguntas para compreender o histórico do paciente e o surgimento dos sintomas:
- Como e quando a dor começou?
- Houve algum trauma, queda ou torção?
- Qual é a intensidade e a localização da dor?
- Existe inchaço, calor, vermelhidão ou limitação de movimento?
- A dor piora em algum movimento ou posição?
- Já houve lesões anteriores ou cirurgias no joelho?
- O paciente pratica esportes? Tem doenças pré-existentes?
Essas informações orientam o raciocínio clínico e direcionam os próximos passos do exame.
Exame físico: avaliação minuciosa do joelho
Após a entrevista inicial, o ortopedista realiza um exame físico cuidadoso, que inclui:
1. Inspeção visual:
O médico observa o joelho, procurando sinais de inchaço, hematomas, deformidades, desalinhamento ou alterações na pele.
2. Palpação:
Tocando pontos específicos, o ortopedista avalia áreas de dor, calor, presença de líquido (derrame articular), sensibilidade e pontos de estalo.
3. Testes de mobilidade:
O paciente é orientado a dobrar, estender e girar o joelho, testando a amplitude de movimento e identificando possíveis limitações.
4. Testes ortopédicos especiais:
Diversas manobras são realizadas para avaliar a integridade de ligamentos, meniscos e tendões. Exemplos:
- Teste de Lachman e gaveta anterior (avalia LCA)
- Teste de gaveta posterior (avalia LCP)
- Teste de McMurray e Apley (detectam lesões meniscais)
- Teste do estresse em valgo e varo (avaliam ligamentos colaterais)
Esses testes provocam determinados movimentos que evidenciam instabilidade, dor ou estalos, apontando para lesões específicas.
Quando são necessários exames de imagem?
Em muitos casos, o exame clínico já permite uma hipótese diagnóstica precisa. No entanto, exames de imagem são fundamentais para confirmar, detalhar e planejar o tratamento:
- Radiografia (Raio-X):
Útil para avaliar ossos, desalinhamentos, fraturas, artrose e presença de corpos estranhos na articulação. - Ressonância magnética:
Considerada padrão-ouro para diagnóstico de lesões ligamentares, meniscais, cartilaginosas e tendinosas. Mostra detalhes das estruturas moles e o grau de lesão. - Ultrassonografia:
Ajuda na avaliação de lesões superficiais, derrames articulares, cistos e inflamações de tendões. - Tomografia computadorizada:
Solicitada em casos de fraturas complexas, para avaliar detalhes ósseos e planejamento cirúrgico.
O ortopedista seleciona o exame mais indicado conforme o caso clínico, evitando solicitações desnecessárias.
O papel da artrocentese e da artroscopia
Em algumas situações, outros procedimentos podem ser necessários para diagnóstico:
- Artrocentese: Punção do joelho para retirada de líquido sinovial, útil em casos de inchaço importante ou suspeita de infecção.
- Artroscopia diagnóstica: Procedimento minimamente invasivo, onde uma microcâmera é inserida no joelho para visualizar as estruturas internamente. É utilizado quando outros exames não esclarecem o diagnóstico.
Importância do diagnóstico precoce e preciso
Quanto mais cedo e de forma mais precisa a lesão do joelho é identificada, maior a chance de um tratamento eficaz, com retorno mais rápido às atividades normais e menor risco de complicações. Um diagnóstico correto evita tratamentos inadequados, limitações crônicas e a progressão de quadros degenerativos.
O ortopedista tem papel fundamental em orientar o paciente, esclarecer dúvidas, indicar o melhor tratamento (conservador ou cirúrgico) e acompanhar o processo de recuperação.
Considerações finais
O diagnóstico das lesões no joelho exige conhecimento, experiência e uso racional dos recursos disponíveis. A combinação de anamnese detalhada, exame físico criterioso e exames de imagem garante precisão e segurança na abordagem ortopédica.
Se você sente dor, inchaço, instabilidade ou limitações no joelho, não hesite em buscar orientação de um ortopedista.
Imagem: canva.com